• Growth Insight
  • Posts
  • Diversificação de canais em 5 etapas [+framework]

Diversificação de canais em 5 etapas [+framework]

Como reduzir incertezas e gerar mais resultados com novos canais de aquisição

A maioria dos profissionais da área se orgulha por listar todos os canais de aquisição de cabeça, mas comete sempre os mesmos erros ao escolher e diversificar seus canais de aquisição.

Nesta edição abordamos o tema a partir de um processo de cinco etapas e um framework que te permite substituir o feeling (e a ansiedade) por dados para uma melhor tomada de decisão.

Nessa edição:

  • Os problemas da diversificação e canais

  • 5 etapas para diversificar como expert

  • Framework das 4 perguntas

Tempo para escrever: 6 horas | Tempo de leitura: 14 minutos

Pergunte para os executivos de uma empresa o que eles mais querem e a resposta - quase - unânime vai ser mais clientes.

A resposta à essa demanda vem em muitas formas e sabores a depender da estratégia de go-to-market da sua organização, mas na maioria dos casos o playbook de aquisição passa por marketing/growth.

A maioria dos profissionais da área se orgulha por listar todos os canais de aquisição de cabeça - habilidade irrelevante desde a criação da internet -, mas possui um arsenal limitado para estabelecer prioridades e diversificação progressiva.

Shotgun ou Spray and Pray: mais sorte que juízo

Tão limitado que eu acredito que a maioria das empresas encaixa sua abordagem aos canais de aquisição dentro de dois modelos: shotgun approach ou spray and pray.

O shotgun approach é equivalente ao tiro de escopeta: muito poderoso, não requer foco, e cobre uma grande área. O objetivo dos “caçadores” com essa ferramenta não é acertar uma presa, é acertar qualquer presa.

O spray and pray tem um funcionamento similar, faz-se um pouquinho de cada coisa e torce para o resultado aparecer. Profissionais se limitam à superfície dos canais e dependem da sorte para entregar os números.

Marketoonist

É possível abordar o tema de forma mais pragmática, explorando conceitos e um framework simples que te permite substituir o feeling (e a ansiedade) por sinais que indicam a hora certa de se abrir para novas possibilidades.

O funcionamento dessas etapas não depende do tempo ou do orçamento disponível, validar um conjunto de conceitos é mais importante do que a quantidade de dinheiro que alguém pode gastar em social ads.

As etapas da diversificação

Antes de mergulhar nas etapas, é importante reforçar o que queremos dizer por “diversificação". No dia a dia das startups você e seus pares precisam fazer muitas coisas e experimentar muitas ideas, ao fazer isso ainda é possível cair nas mesmas armadilhas supracitadas, mas aqui diversificação se refere exclusivamente à adesão aos canais de aquisição/distribuição.

Etapa 1: Do zero ao PMF

Todo mundo conhece a máxima: product-market fit primeiro, growth depois. E ela é mais literal do que a maioria ousa admitir: não existem canais de aquisição para diversificar.

É polêmico, mas não deveria ser:

Se você é founder, não contrate um profissional de growth nesse momento. Se você é profissional de growth, não vá para uma empresa que está validando PMF.

Não seguir esse conselho leva a um provável desfecho: gente frustrada ou demitida.

A função de um profissional de growth é encontrar alavancas para escalar ou acelerar o crescimento, uma função que não combina com empresas pré-PMF. O que não quer dizer que a área de marketing não é relevante para essas startups, afinal, growth e marketing não são sinônimos.

Nessa etapa, seu objetivo é o próximo cliente (no singular).

Não deveria ser tão difícil buscar ser excelente para um pequeno nicho de clientes quando a alternativa é ser medíocre para todo mundo.

Você precisa fazer o básico, desde “founder-led sales” até entender como o mercado tradicional vende e se faz sentido ir para canais similares.

Se você precisa de um intensivão no assunto, a edição #006 sobre product-market fit levou 19 horas pra ser escrita e endereça tudo que você precisa saber para que PMF seja levado a sério na sua empresa.

Etapa 2: Preparando o terreno

O erro #1 das startups é investir em aquisição antes de encontrar product-market fit (e esperar algum retorno disso).

O erro #2 é investir pesado em aquisição logo depois de encontrar PMF.

Se você executou a etapa 1 corretamente, então possui um pequeno grupo de clientes satisfeitos assinando um cheque (!) todo mês.

Agora que você consolidou seus primeiros 10-20 clientes, o próximo passo mais óbvio é comprar algumas palavras no Google e mirar nos próximos 100-200 clientes. Certo?

Errado.

Porque você tem product-market fit, mas tem muita coisa para arrumar antes:

  • Provavelmente seu produto ainda funciona a base de silver tape, WD-40 e planilhas com macros duvidosas.

  • Seu site carrega em mais de 5 segundos, tem mais de 800 erros de SEO e tem botão que manda pro lugar errado;

  • Seu time de vendas é mal treinado e cada um explica o produto de um jeito. Para melhorar, seu CRM é uma piada.

  • Sua mensagem e posicionamento é cheia de palavras da moda - você se justifica: “minha mãe não sabe o que eu faço, haha” (bad news: os visitantes do site também não).

  • Seu CEO acha que design é deixar a logo maior e seus processos são tão mal desenhados que parecem trabalho escolar de terceira série.

Mas, por algum motivo, profissionais de marketing acham uma boa ideia jogar seus preciosos, raros e caros leads no meio dessa zona.

Primeiro tem que ajeitar o terreno. Se você quer um empurrão para essa auditoria, a edição #009 apresenta um checklist com mais de 80 itens sobre o básico do marketing.

Etapa 3: Power Law

O nome pode não ser familiar, mas o conceito de Power Law é amplamente conhecido: ela a lei por trás do Princípio de Pareto (essa história você conhece, o ano é 1906 e 20% das pessoas na Itália detém 80% das terras) ou regra 80-20.

A Power Law é tão relevante pode ser vista da distribuição da massa da vida no planeta até a distribuição das empresas norte americanas por quantidade de funcionários.

Spectro de biomassa

Empresas por # funcionários

Em seu livro “De Zero a Um", Peter Thiel aplica a lei da potência ao contexto das startups e do venture capital, chegando a citar diretamente a influência ela nos canais de distribuição.

A etapa 3, portanto, nada tem a ver com diversificação, mas encontrar um único canal ideal para a sua operação. Para isso você pode aplicar o Framework dos 4 filtros.

If you get just one channel to work you have a great business. If you try for several but don’t nail one, you’re finished. Distribution follows the power law.

Peter Thiel, Zero to One.

Framework dos 4 filtros

Altamente inspirado pelo Bullseye Framework apresentado no livro Traction criado por Gabriel Weinberg e Justin Mares, os 4 filtros se propõe à adicionar elementos quantitativos ao processo de seleção dos canais até o centro do alvo.

Eu e o Collins conversamos sobre essa ideia com o Pedro Waengertner (nosso assinante #1) no Growthaholics #235.

Filtro 01: Em quais canais a minha audiência congrega?

O primeiro filtro valida a presença, fazendo a maioria dos canais ser descartada de largada - afinal, de que vale a melhor mensagem ser anunciada para uma sala vazia? - mas também demanda conhecimento de mercado e uma dose de criatividade para ser respondida.

As primeiras respostas podem ser "Instagram” ou “Youtube", mas podem evoluir para “Fórum XYZ", “Feira do setor” ou “NBA”.

Filtro 02: Meu negócio é alinhado com as regras de quais canais?

Uma vez que você tem a localização da audiência para quem você quer falar, o segundo filtro é o da conformidade. Canais são alugados e possuem regras que você não pode influenciar.

Imagine uma partida de futebol.

Não importa se você joga com amigos no final de semana ou é o Messi (e assinou a Growth Insight por indicação do Suárez), para jogar você precisa concordar em mover a bola com os pés.

Conformidade é diferente de performance. Você pode ser melhor ou pior, ainda há regras que você não pode burlar sob o risco de penalidades.

Filtro 03: Meu negócio suporta a estrutura de custos de quais canais?

Se você sabe onde a audiência se reúne e está de acordo com as regras para alugar um espaço nesse canal, aplique o filtro da viabilidade.

Você descobre que sua audiência é fanática por Big Brother Brasil (filtro 1), e você consegue produzir um vídeo com exatos 30 segundos para veiculação no intervalo (filtro 2), mas não tem R$ 700 mil para desembolsar, então o canal é irrelevante.

Filtro 04: Quais canais entregam resultados no tempo disponível?

O último filtro é o do prazo. Os recursos aplicados a um canal de aquisição demandam certa quantidade de tempo para serem convertidos em resultados. Se você precisa capturar demanda amanhã, o canal não pode levar 6 meses para “rampar”.

Ao aplicar os 4 filtros você terá uma opções extremamente limitadas, mas ainda podem cair nas armadilhas do spray and pray ou shotgun approach. Por isso na etapa 3 o objetivo é identificar as oportunidades e validar quem um único canal funciona.

Poor distribution — not product — is the number one cause of failure. If you can get even a single distribution channel to work, you have great business. If you try for several but don’t nail one, you’re finished. So it’s worth thinking really hard about finding the single best distribution channel.

Peter Thiel, Zero to One

Etapa 4: Double Down

Existe um comportamento absolutamente incompreensível nas startups, possível motivado pela filosofia de negócios baseada em velocidade e experimentação:

Founders e profissionais de marketing investem muito tempo e dinheiro para encontrar algo que funciona para seus negócios e, quando encontram, partem para a próxima ideia.

Nós não agimos assim em nenhum outro aspecto da nossa vida. Quando algo funciona a gente investe mais: naquele relacionamento, no restaurante e na jogada ensaiada.

Mas não nos negócios.

"Hey! Esse negócio de LinkedIn Ads é muito bom, é hora de ver se a gente consegue capturar demanda em eventos!”

Marqueteiro médio

A Power Law continua válida: 80% do resultado virá de um único canal. Você deve continuar aumentando suas apostas até encontrar o teto de performance daquele canal.

Existe uma diferença imensa entre ser bom e ser excelente. É comum aos profissionais de marketing confundir as limitações de suas próprias habilidades com as limitações do canal.

A maioria das startups que não estão crescendo tendem a fazer mais coisas, mas elas deveriam fazer menos.

Ser excelente em um único canal é tão importante que alguns VCs, como a Astella, falam que se você não tem um canal de aquisição constante e previsível você não tem product-market fit.

Etapa 5: Explore & Exploit

A última etapa da diversificação de canais é justamente a primeira coisa que a maioria dos profissionais de marketing faz: testar canais.

Após aplicar o framework das 4 perguntas você deve ter encontrado 3-4 canais que possuem fit com seu negócio e, de acordo com a Power Law, a maior parte do seu resultado virá desse um canal.

Mas até mesmo esse um canal possui um teto de performance e você precisa se preparar para agregar novos canais, portanto precisa Explore & Exploit.

Explore significa experimentar e descobrir, Exploit significa aproveitar e alavancar. No processo de diversificação, invista 80% dos recursos em exploit (alavancar o que funciona) e 20% em explore (descobrir novas oportunidades).

O segredo está em experimentar e descobrir com método, evitando novamente uma abordagem spray and pray.

Você quer agregar um segundo canal que funciona em loop com o primeiro canal, de forma que as sinergias criadas funcionem como incrementadoras de performance (maior volume ou menor custo). Clássico caso onde a soma de dois canais é maior do que o resultado individual deles.

Por exemplo, você pode começar com Google Ads porque é um canal barato, responsivo e com alta intenção de compras e agregar Social Ads como forma de remarketing e sustenção da mensagem, assim demanda incremental será capturada devido às sinergias entre os canais.

Por fim, um trabalho de explore bem sucedido não significa necessariamente migrar o canal para exploit. Na etapa cinco o processo de experimentação e descoberta passa a ser constante, então seu objetivo primário passa a ser "encontrar fumaça" e ir atrás do fogo somente quando sua arquitetura de canais estiver sólida.

No processo de diversificação de canais de aquisição, é mais difícil lidar com a ansiedade e pressão por resultados rápidos do que aplicar um processo de diversificação estruturado.

Nesses casos, o melhor é agir de forma consciente, reconhecer aquela low hanging fruit é tentadora demais para ser evitada e que esse desvio na jornada é temporário.

Ser consciente é mais importante do que ser perfeito.

Até a próxima quarta, 10h07.
Witt.

O que achou dessa edição?

Login or Subscribe to participate in polls.

Assine para continuar lendo :)

O conteúdo é grátis - mas apenas para assinantes da newsletter. Se junte a nós!

Already a subscriber?Sign In.Not now